
São Paulo, 25 Jan. (EFE). - Em seu
460º aniversário, o transporte público e o espaço urbano seguem na pauta de São
Paulo, que, após os protestos do Movimento Passe Livre de junho do ano passado,
busca um modelo urbanístico para oferecer soluções aos seus 12 milhões de
habitantes.
Para esta população - composta em
sua maioria por descendentes de imigrantes italianos, japoneses, libaneses,
além de migrantes internos - o transporte é o grande problema.
Um exemplo disso é o paulistano
Pedro Nascimento, de 25 anos: "Eu gostaria de algo mais tranquilo, com uma
maior qualidade de vida. Não quero que meu filho cresça aqui, mas é aqui que
está o trabalho".
Mesmo assim, esta megalópole
provoca reações contraditórias, inspira amor e ódio, problemas e atrativos,
oportunidades e discriminações.
"A noite é genial. Há oferta
para todos os gostos. Você não precisa se preocupar. A qualquer hora você pode
conseguir tudo. A cidade não dorme", comenta Pedro.
Mas as análises não são apenas dos
moradores. Sociólogos, arquitetos e urbanistas também fizeram de São Paulo
material de estudo e apontam o trânsito e a organização urbana como os grandes
focos de conflitos.
"Nossa sociedade é muito
desigual. Os pobres só podem viver na periferia porque é muito mais barato e o
único que podem se permitir", explica à Agência Efe o sociólogo Eduardo
Vasconcellos.
Ele, que também é consultor da
Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), se queixa da organização
urbana e assinala que é preciso reformar a arquitetura e incentivar o emprego e
os serviços nas regiões periféricas.
"São Paulo sofre
engarrafamentos desde os anos 60, mas hoje é muito pior. Tem gente que demora
três horas para chegar ao trabalho", diz o sociólogo, que considera que os
engarrafamentos representam uma despesa econômica maior, perda de tempo e
aumento do estresse, não só para os motoristas.
Vasconcellos garante que "a
sociedade dominada pelo carro é muito injusta ao desperdiçar uma quantidade
gigantesca de recursos".
Por isso, ele insiste que a única
solução virá de uma melhora no transporte público, foco dos protestos de junho
iniciados pelo Movimento Passe Livre durante a Copa das Confederações.
Além de atingir o objetivo, a
revogação do aumento do preço das passagens, as manifestações serviram para
apontar outros problemas e os enfrentamentos com as forças de segurança não
demoraram a chegar.
O comandante geral da Polícia
Militar de São Paulo, Benedito Meira, não concorda em "nada" com as
acusações de violência policial durante os protestos. Para ele, "após
tentar o diálogo" com os manifestantes, só resta "o contato
físico".
Meira ainda responsabiliza a
imprensa pela "sensação de insegurança" dos cidadãos. Segundo ele, a
cidade possui "os índices de criminalidade mais baixos do país".
Sobre os desafios que a cidade enfrentará
em 2014 estão, entre outros, a Copa do Mundo. Sob este contexto, São Paulo
tenta recuperar o centro histórico, onde está grande parte dos sem-teto,
usuários de drogas e prostitutas, além de ser considerada uma das regiões mais
perigosas da cidade.
Enquanto isso, na periferia
centenas de favelas mostram como a desordem das épocas de industrialização e a
falta de planejamento empurraram milhões de pessoas a tentar conseguir soluções
individuais frente à falta de moradia.
São Paulo chega aos 460 anos como
uma cidade cosmopolita onde quase não há paulistanos de nascimento, e dá
abrigo, por exemplo, à maior colônia de libaneses fora do Líbano e à maior
colônia nipônica do mundo.
É uma autêntica cidade de recordes.
Maior centro aéreo da América Latina. Se fosse um país seria o quinto maior da
América do Sul. Conta com a maior quantidade de pizzarias por habitante. E
talvez, acima de tudo, é conhecida por ter todos os sotaque de um país de 198
milhões de habitantes.
Macarena Soto. YAHOO!
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