21 de junho de 2011

BAIXA RENDA

Meu corpo mole, e cheio de dor
Rastejando sem pudor.
Torto encolhido, e suado
Naquele imundo corredor
Esperando pela presença
De um ausente doutor.

Já são quatro horas e nada
De o eu, ser atendido.
Dormi na fila enfrentando
A madrugada congelante
Diante de um amanhecer
Que distante vinha surgindo
E naquela imensa fila estavam
Junto comigo outros amigos.

Eu pago impostos
Pra viver nessa humilhação
Todo mês chega uma cota
Quase me obrigando a pagar
O IPTU de um único chão:
Que eu suei cada tijolo
Cada centavo, para ter em mãos.

Oh! Vida medíocre
Onde o dinheiro fala mais alto
A baixa renda mal tem para se alimentar,
E quando recebe tá cheio de contas para pagar;
Sem falar nos impostos que o governo
Não para de inventar.
Onde está todo esse dinheiro?
Aonde será que vai parar?
Se nos postos de saúde
A fila nunca anda, ao contrario
Só faz aumentar, e aumentar.

Dormimos no sereno
Expostos ao imperduoso frio
Que congela pouco a pouco
A alma com um vento forte e sombrio.
A esperança de ser atendido é tão grande
Que diminui diante de um breve aviso:
Pessoal por falta de médicos todos
Não poderão ser atendido.
Só há cinqüenta fichas,                                                        
Sinto muito, mas está dado o aviso.

Momento de tensão, olhos tristes
O nervo a flor da pele, ao mesmo tempo
Felizes por aqueles cinqüenta que ficaram
Na espera enquanto cem ou mais, vão embora.
Essa é a lei dos hospitais públicos
Onde a baixa renda perde a vez
Mas não perde a hora.
                                                                                   
Crônica em Versos: Edu José. 

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