Meu corpo mole, e cheio de
dor
Rastejando sem pudor.
Torto encolhido, e suado
Naquele imundo corredor
Esperando pela presença
De um ausente doutor.
Já são quatro horas e nada
De o eu, ser atendido.
Dormi na fila enfrentando
A madrugada congelante
Diante de um amanhecer
Que distante vinha surgindo
E naquela imensa fila
estavam
Junto comigo outros amigos.
Eu pago impostos
Pra viver nessa humilhação
Todo mês chega uma cota
Quase me obrigando a pagar
O IPTU de um único chão:
Que eu suei cada tijolo
Cada centavo, para ter em
mãos.
Oh! Vida medíocre
Onde o dinheiro fala mais
alto
A baixa renda mal tem para
se alimentar,
E quando recebe tá cheio de
contas para pagar;
Sem falar nos impostos que
o governo
Não para de inventar.
Onde está todo esse
dinheiro?
Aonde será que vai parar?
Se nos postos de saúde
A fila nunca anda, ao
contrario
Só faz aumentar, e
aumentar.
Dormimos no sereno
Expostos ao imperduoso frio
Que congela pouco a pouco
A alma com um vento forte e
sombrio.
A esperança de ser atendido
é tão grande
Que diminui diante de um
breve aviso:
Pessoal por falta de médicos
todos
Não poderão ser atendido.
Só há cinqüenta fichas,
Sinto muito, mas está dado
o aviso.
Momento de tensão, olhos
tristes
O nervo a flor da pele, ao mesmo
tempo
Felizes por aqueles cinqüenta
que ficaram
Na espera enquanto cem ou mais,
vão embora.
Essa é a lei dos hospitais públicos
Onde a baixa renda perde a vez
Mas não perde a hora.
Crônica em Versos: Edu José.
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