Por Fiona Ortiz
CÁDIZ, Espanha, 17 Nov (Reuters)
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A América Latina prometeu, neste sábado, oportunidades
de investimentos para empresas espanholas e portuguesas, atingidas pela
recessão em seus países, mas alertou seus antigos colonizadores que cortes
drásticos servirão apenas para aumentar seu sofrimento.
A situação econômica ibérica dominou os dois dias da reunião
de cúpula com líderes da Espanha, de Portugal e da América Latina, na cidade
espanhola de Cádiz --um importante porto para os galeões espanhóis cheios de
riquezas nos tempos do império.
Numa inversão do destino, Espanha e Portugal agora estão
apostando nos mercados Latino Americano para colocá-los no caminho da
recuperação.
A presidente brasileira, Dilma Rousseff, foi a estrela do
encontro, devido à esperança que as demandas dos consumidores e projetos de
obras públicas no Brasil crie oportunidades para empresas ibéricas, desde o
setor de energia até o de varejo.
"Também fomos atingidos pela crise devido à
desaceleração nos mercados internacionais, mas estamos ampliando os
investimentos públicos e privados em infraestrutura," disse Rousseff a
outros líderes presentes na reunião de cúpula, que termina no sábado.
Países latino-americanos estão muito familiarizados com o
tipo de crise fiscal que Portugal e Espanha enfrentam agora. Nas últimas décadas
eles passaram por ciclos de crescimento e queda, e desvalorizações e programas
de austeridade monitorados pelo Fundo Monetário Internacional.
"Não cometam os mesmo erros que cometemos", disse
o presidente do Equador, Rafael Correa, alertando que a austeridade pode
agravar a recessão.
Nas décadas de 80 e 90, magnatas espanhóis construíram
impérios empresariais na América Latina, no que ficou conhecido como a
"Reconquista".
As maiores empresas da Espanha, desde grupos bancários
Santander e BBVA, à empresa de tecnologia Indra e a de telecomunicações
Telefónica, são cada vez mais dependentes das receitas da América Latina, à
medida que as operações domésticas caem.
Angel Gurria, secretário geral do grupo de nações ricas OCDE
disse que a América Latina tem novas oportunidades para investimentos espanhóis
em infraestrutura, tecnologia e educação.
Mas a América Latina também oferece riscos para as empresas
ibéricas.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy disse que as
empresas espanholas precisavam de um ambiente de segurança jurídica na América
Latina, referindo-se às nacionalizações na Venezuela e Argentina.
A presidente argentina, Cristina Fernandez, não participou
da reunião de cúpula deste ano, que está acontecendo em meio à controversa
nacionalização, em abril, da YPF, uma unidade da grande empresa de petróleo
espanhola Repsol.
Os líderes da Venezuela, Paraguai, Uruguai, Guatemala, Cuba
e Nicarágua também estavam ausentes. Ainda assim, a participação da cúpula
deste ano foi melhor do que a do ano passado, quando apenas metades dos membros
compareceram, levantando sérias dúvidas sobre a relevância do evento.
FORTUNAS CONTRASTANTES
Portugal foi resgatado no ano passado pela Europa, depois
que correu risco de dar calote na dívida pública e agora a Espanha --quarta
maior economia da zona do euro-- está a ponto de precisar de ajuda.
Os dois países estão em profunda recessão, enquanto que a
América Latina deve crescer 3,2 por cento neste ano, de acordo com a OCDE, e
mais fortemente em 2013.
Um quarto da força de trabalho espanhola está desempregada.
Centenas de milhares de trabalhadores e desempregados fizeram uma manifestação
na quarta-feira nos dois países protestando contra os cortes no orçamento.
Equatorianos, bolivianos e colombianos correram para a
Espanha durante a bolha da construção que implodiu em 2008, deixando o país
cheio de prédios vazios e aeroportos e rodovias subutilizados.
Agora alguns destes imigrantes voltaram para casa e um
crescente número de espanhóis está buscando a sorte na América Latina.
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