Dr. Drauzio Varella |
Lúpus é uma doença inflamatória crônica autoimune,
desencadeada por um desequilíbrio no sistema imunológico, exatamente aquele que
deveria proteger a pessoa contra agentes externos, como bactérias e vírus,
através da produção de anticorpos. No lúpus, os anticorpos produzidos se ligam
a algumas estruturas de nossas próprias células e esses complexos podem
depositar-se em diversos órgãos levando à agressão do próprio organismo.
Lúpus pode manifestar-se sob a forma cutânea (atinge apenas a pele) ou ser
generalizado. Neste caso, atinge qualquer tecido do corpo e recebe o nome de
lúpus eritematoso sistêmico (LES).
A causa do lúpus é multifatorial. Fatores genéticos,
ambientais e hormonais estão envolvidos no aparecimento da doença. A
predisposição genética é fundamental para o desenvolvimento do lúpus; já foram
descritos mais de cem genes envolvidos nessa doença. Entre as causas externas,
que podem deflagrar a doença em pessoas predispostas, destacam-se a exposição
ao sol, o uso de certos medicamentos, alguns vírus e bactérias. O hormônio
feminino estrógeno também está associado ao desenvolvimento do lúpus, o que pode
justificar o fato de a doença acometer mais as mulheres em idade fértil do que
os homens.
Os sintomas são diversos e variam de intensidade dependendo
do paciente e do órgão afetado. Podem ser bastante inespecíficos, isto é,
assemelhar-se a sintomas também causados por outras doenças como febre,
mal-estar, emagrecimento. Por serem sintomas bastante genéricos, o diagnóstico
muitas vezes demora a ser feito.
Entretanto, em geral o paciente também apresenta sintomas
mais característicos de lúpus. Os mais frequentes são: dores articulares,
manchas avermelhadas na pele, vermelhidão no nariz e nas faces em forma de asa
de borboleta, sensibilidade exagerada ao sol, feridinhas recorrentes na boca e
no nariz.
Outras manifestações podem ocorrer devido à diminuição das
células do corpo (glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas), inflamação das
membranas que recobrem o coração e os pulmões levando a falta de ar,
palpitações e dores no peito. Além disso, pode haver também acometimento dos
rins (ocorre em 50% dos pacientes), causando sintomas diversos como, por
exemplo, inchaço nas pernas e urina espumosa. Raramente o lúpus acomete o
sistema nervoso central. Quando isso acontece, psicoses, convulsões ou derrames
são as principais manifestações.
Portadoras de lúpus eritematoso sistêmico necessitam
programar as gestações para momentos em que haja bom controle da doença e em
que estejam utilizando apenas medicações seguras para o feto. Um bom
planejamento do melhor momento para engravidar é fundamental para uma gestação
segura e de sucesso.
O diagnóstico de lúpus é feito através do reconhecimento
pelo médico dos sintomas sugestivos da doença (vide acima) e de exames com
resultados alterados. O FAN (fator antinúcleo) é um exame realizado numa
amostra de sangue que apresenta resultado positivo em quase todos os pacientes
com lúpus; resultado negativo praticamente exclui essa doença. É importante
observar que esse exame pode dar positivo em diversas situações – por exemplo,
nas infecções – e até mesmo em pessoas saudáveis. Portanto, não podemos dizer
que uma pessoa tem lúpus apenas porque seu FAN deu positivo. É necessário
considerar a presença de sintomas e a resposta alterada de outros exames
característicos para fechar o diagnóstico.
Além do FAN, existem outros exames de sangue que detectam a
presença de autoanticorpos (exemplo: anti-DNA) mais específicos do lúpus e que
também ajudam no diagnóstico. Entretanto, eles não estão presentes em todos
pacientes com lúpus.
Existem recursos terapêuticos que ajudam a controlar as
crises e a evolução da doença, pois regulam o sistema imunológico. Como o lúpus
apresenta variação de gravidade e de órgãos acometidos, o tratamento deve ser
individualizado, focado em cada paciente.
Os antimaláricos (cloroquina ou hidroxicloroquina) são bastante importantes no tratamento, pois evitam que a doença entreem atividade. Os corticoides devem ser utilizados em períodos de maior atividade da doença e a dose varia de acordo com a gravidade. Além disso, quando necessário, o tratamento pode ser feito com imunossupressores (medicações que diminuem a resposta imunológica), tais como a azatioprina, a ciclofosfamida e o micofenolato de mofetila.
Os antimaláricos (cloroquina ou hidroxicloroquina) são bastante importantes no tratamento, pois evitam que a doença entreem atividade. Os corticoides devem ser utilizados em períodos de maior atividade da doença e a dose varia de acordo com a gravidade. Além disso, quando necessário, o tratamento pode ser feito com imunossupressores (medicações que diminuem a resposta imunológica), tais como a azatioprina, a ciclofosfamida e o micofenolato de mofetila.
Os avanços no entendimento dos mecanismos de doença do lúpus
estão favorecendo o estudo e desenvolvimento de novos medicamentos. Os
imunobiológicos são medicações que agem em pontos específicos do sistema
imunológico e alguns deles já se mostraram eficazes no tratamento do lúpus,
quando há indicação médica.
Já está comprovado que alguns cuidados são fundamentais para
o controle da doença. Pacientes com lúpus devem evitar a exposição ao sol,
aplicar protetores solares de alto poder de proteção mesmo em ambientes
fechados e reaplicá-lo sempre ao sair de casa. Sua alimentação deve ser
saudável e balanceada, assim como praticar atividade física com regularidade,
respeitando as limitações que possam ocorrer durante as crises. Acima de tudo,
devem ficar longe do cigarro, que pode piorar a atividade da doença e aumentar
o risco de doença aterosclerótica (causadora de infartos e derrames).
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